Por joão Geraldo

A Eaton acaba de apresentar um inovador sistema para tratamento de gases de escape para veículos diesel. no qual o maior diferencial em relação aos sistemas existentes no mercado se deve à uma combinação que inclui um dosador de combustível, um acumulador de NOx, um filtro para partículas sólidas e um catalisador para redução seletiva. O resultado desta tecnologia, operando em série, promove a eliminação de NOx (óxidos de nitrogênio) e dos materiais particulados dos gases de escape, sem necessidade do uso de ureia para a redução de NOx.

Na prática, um dos grandes diferenciais do sistema, em relação aos já existentes, é a eliminação do tanque de ureia nos veículos e também de toda uma infraestrutura de distribuição e de abastecimento da frota decorrentes do sistema SCR adotado para atender normas internacionais de emissões, como a Euro V e fase P7 do Proconve, no Brasil. A ureia é necessária como fonte de obtenção de amônia, substância necessária para catalisar o monóxido de carbono expelido pelos veículos.

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Tanque de ureia em caminhão da Volvo FH, na linha de montagem na Austrália

Dimitri Kazarikoff, gerente geral de novas tecnologias da Eaton, disse que a empresa trabalhou sete anos no desenvolvimento desta tecnologia. Ele conta que em 2004 a Eaton fez parceria com empresa de catalisadores e começou a desenvolver o sistema estradeiro junto de clientes. Em 2006 a Eaton adquiriu a Catalytica Energy Systems (empresa californiana de catalisadores), e em 2008 estabeleceu a unidade de negócios de tratamento.

De acordo com Kazarikoff, o sistema de tratamento de gases de escape sem tanque de ureia poderá ser negociado com fabricantes de motores e montadoras. Ele acrescenta a importância dasta tecnologia para os fabricantes de veículos porque elimina o pacote exigido pelo tanque de amônia. “O sistema está pronto para atender o EPA 2010 (nos EUA) e Euro 6 (na Europa)”, acrescenta.

O sistema passou por testes em 40 mil quilômetros – em três grandes viagens nos Estados Unidos – usando diesel com 10 a 15 ppm de enxofre, em ambientes com 40 graus negativos a mais de 50 positivos de temperatura. “Em altitudes de até 3.400m, o sistema atingiu mais de 80% de eficiência na redução de NOx, na maioria das condições de uso”, explicou. Ainda de acordo com Kazarinoff, esta tecnologia não altera o desempenho do veículo, porém o diesel tem de ser com baixos níveis de enxofre. O que ainda não é o caso do diesel consumido no Brasil. O diretor de marketing e vendas Brasil da Eaton, Ricardo Dantas, destaca que o sistema de tratamento de gases de escape foi projetado para atender os mais rígidos requisitos e normas de emissões veiculares do mundo. “Trata-se de uma inovadora estratégia de redução de emissões, sem nenhuma ação necessária por parte do motorista, pois utiliza apenas o diesel como fluido”, explica. Dantas acrescenta que o produto oferece possibilidades de instalação flexíveis e customizadas para veículos que rodam tanto em rodovias quanto fora-de-estrada, e lembra que independe da existência de uma infraestrutura especial, recipientes e tanques, como é o caso das tecnologias que precisam da adição de ureia. Outro campo de atuação da Eaton é o desenvolvimento de sistemas de tração híbrida para veículos utilitários. Dois deles são o Híbrido Elétrico e o Híbrido Hidráulico, com os quais já existem caminhões rodando nos Estados Unidos. Nos dois casos, a meta é obter o maior benefício em termos de custos operacionais e também produzir ganhos ambientais com redução das emissões produzidas por motores à combustão. De acordo com a empresa, há mais de 20 anos que ela é pioneira neste tipo de tecnologia.

Um veículo híbrido é o que possui mais de uma fonte de potência. Na tecnologia híbrido elétrico, o motor diesel é acoplado a um motor gerador e baterias – ou outra forma de armazenamento de energia elétrica – para criar o sistema de propulsão, enquanto o híbrido hidráulico é criado através do acoplamento ao motor diesel de uma bomba ou motor hidráulico e acumuladores de pressão. Para a empresa, o custo benefício de cada sistema depende do regime de utilização do veículo e ambos têm espaço no mercado. Legendas: Tanque de ureia em caminhão Volvo FH, na linha de montagem na Austrália

ELÉTRICO E HIDRÁULICO:

O sistema híbrido elétrico reúne uma embreagem automatizada, motor gerador elétrico, controlador inversor do motor elétrico, baterias, transmissão automatizada e um módulo integrado de controle e supervisão do sistema, que começou a ser oferecido aos fabricantes de caminhões, incluindo os itens citados, em 2007. As aplicações destacadas pela empresa são os veículos de manutenção, telecomunicações, frotas municipais e outras aplicações em caminhões médios para entregas urbanas.

Já o sistema híbrido hidráulico, de acordo com informações da empresa, apresenta melhores resultados em veículos que operam em regime de constantes partidas e paradas, geralmente em aplicações urbanas. Coleta de lixo e ônibus são os exemplos de operações citados pela companhia, devido às vantagens a economia de combustível em torno de 20% (além de 30% nas emissões) gerada através do aproveitamento da energia resultante frenagem, maior vida útil dos freios e maior produtividade devido à potência adicional fornecida pelo sistema hidráulico. A comercialização do produto – inicialmente – para aplicação em caminhões de coleta de lixo está prevista para este ano. Ainda de acordo com a Eaton, há previsão para o sistema ser disponibilizado para veículos que operam em outras aplicações (JG).