Por Daniela Giopato

À primeira vista parecia um dia comum no posto de serviço Frei Damião, localizado na rodovia Comanto Junior (BR 407), em Juazeiro/BA. Porém, bastava um olhar mais atento para perceber que algo diferente estava mudando a rotina daquela parada de carreteiros. Ao lado dos caminhões estacionados, em meio ao vai e vem de motoristas no restaurante, borracheiro, ou simplesmente à espera de mais um frete, estavam posicionadas várias câmeras, tripés, claquetes, luzes, microfones e um grupo de pessoas nada parecidas com os habituais frequentadores do posto.

Toda movimentação tinha uma explicação: eram as primeiras cenas do filme Beira do Caminho, do diretor de cinema Breno Silveira – que já realizou mais de 20 longas-metragens, com destaque para Dois filhos de Francisco -, que conta a história de João, um carreteiro que após sofrer um grande trauma decide sair pelas estradas do Brasil e nunca mais voltar a sua cidade natal. Porém, em sua jornada, ao dar carona a um menino que procurava pelo pai, embarca numa viagem ao passado.

O diretor do filme, Breno Silveira, explica que gosta de realizar seus filmes em ambientes reais, por isso muitas cenas serão gravadas em locais conhecidos dos carreteiros
O diretor do filme, Breno Silveira, explica que gosta de realizar seus filmes em ambientes reais, por isso muitas cenas serão gravadas em locais conhecidos dos carreteiros

“Gosto de realizar meus filmes em ambientes reais, por isso boa parte das cenas foram rodadas em locais conhecidos pelos carreteiros. O personagem principal dessa história (interpretado pelo ator João Miguel) vive situações que o aproximam muito do cotidiano desses profissionais, que ao longo de sua jornada de estrada se deparam com sentimentos de solidão, saudades da família, além de perdas e reencontros. Porém, acima de tudo, o filme fala sobre a possibilidade de amar de novo”, conta o diretor.

Para entender um pouco mais sobre esse universo “tão cheio de riquezas e situações interessantes”, conforme descreve o próprio Breno, o diretor visitou diversos postos de estrada no interior da Bahia e Pernambuco e aproveitou os momentos de descanso dos carreteiros para se inteirar do dia-dia da profissão. “Antes de começar a rodar o filme conversei com motoristas e me surpreendi com as histórias, principalmente por serem tão parecidas com a do João”, lembra.

O carreteiro Marcos Costa Leite foi o escolhido entre mais de mil inscritos na promoção da Volvo e participou de uma das cenas do filme, além de conhecer a fábrica da montadora
O carreteiro Marcos Costa Leite foi o escolhido entre mais de mil inscritos na promoção da Volvo e participou de uma das cenas do filme, além de conhecer a fábrica da montadora

João Miguel acredita que muitos motoristas de caminhão vão se identificar com a história de seu personagem e afirma nunca ter vivenciado tão de perto a realidade desses profissionais, que apesar da vida sofrida que levam são pessoas alegres e receptivas. “É uma pena que o “João” está enfrentando um momento em que prefere se afastar de todos e acaba não se envolvendo com nenhum colega de profissão”, brinca.

“Quem é da estrada vai gostar do filme e encontrará muito desse universo que peguei emprestado para poder contar essa história”, destaca Breno Silveira, que faz questão de ressaltar a importância do apoio da Volvo para a realização da produção. A montadora está patrocinando o filme através de recursos próprios, lei de incentivo à cultura e doou dois caminhões modelo VM para serem utilizados durante as filmagens.

Solange Fusco, gerente de comunicação da Volvo do Brasil, explica que essa não é a primeira vez que a Volvo apoia um filme, porque a empresa acredita ser importante contribuir para a realização de projetos sérios e consistentes, como o que foi apresentado pela equipe do diretor Breno Silveira. “Beira do Caminho, em especial, nos chamou a atenção pelo fato do personagem principal ser um motorista de caminhão e toda a história ser desenrolada em paralelo com o dia a dia na estrada. É uma maneira de valorizar a vida desses profissionais além de uma oportunidade para promovermos a marca e divulgarmos o VM, que junto com o João, é um dos principais personagens desse filme”, completa.


ASTRO DA ESTRADA

Escolhido entre mais de mil inscritos para fazer uma ponta no filme, o carreteiro Marcos Costa Leite, de Duque de Caxias/RJ, viveu seu dia de astro de cinema ao gravar uma das cenas para o filme Beira do Caminho. Com três anos de profissão, CNH Categoria E, e atuação no transporte de peças para a indústria petroleira para todo o País, trata-se de um profissional apaixonado pela estrada.

Funcionário da TNF Transportes, Marcos teve oportunidade de atuar no filme após ter se sobressaído na promoção organizada pela Volvo do Brasil, em conjunto com a revista O Carreteiro e o programa de TV Pé na Estrada, para escolher um motorista para participar do filme. Durante os testes finais, dos quais participaram apenas cinco motoristas, Marcos Costa se destacou por ser comunicativo e ter ficado bastante à vontade diante da câmera.

Patrocinar um filme em que o personagem principal é um carreteiro, e ainda que dirige um VM, é uma maneira de valorizar esses profissionais e promover a marca, afirma Solange Fusco
Patrocinar um filme em que o personagem principal é um carreteiro, e ainda que dirige um VM, é uma maneira de valorizar esses profissionais e promover a marca, afirma Solange Fusco

“É uma experiência única, que jamais vou esquecer. Nunca poderia imaginar que um dia eu iria aparecer nas telonas no Brasil inteiro”, comemora. Ele lembra que além de ter vivido a emoção de ser “astro” por um dia, também gostou muito de visitar a fábrica da Volvo, em Curitiba, que considerou um momento muito importante. “Fiquei encantado e surpreso com tantas máquinas e tecnologia. Como pode um “bichão” (apontando para o VM) como esse ficar pronto em apenas 13 minutos?”, exclamou ao citar o tempo de montagem de um caminhão Volvo.

Para Marcos, foram cinco dias especiais em que pode conhecer outras realidades e dar um tempo no dia a dia estressante de um carreteiro. “Conheci lugares lindos e ainda tive tempo para admirar paisagens e fotografar, coisa que gosto de fazer até nas minhas viagens de trabalho”, conta, referindo-se à Curitiba, Juazeiro, na Bahia e Petrolina, em Pernambuco. Ao finalizar a sua participação no filme, como bom carioca, disse “ter tirado de letra”, apesar do nervosismo, e acredita que a sua atuação decorreu de maneira bem natural. “Superou todas as minhas expectativas”, finalizou.

Solange Fusco acredita que o diretor foi muito feliz na escolha de Marcos para fazer a ponta no filme, pois além de ser um bom profissional se mostrou muito à vontade diante das câmeras. “Foi uma experiência inusitada também para a Volvo, que pela primeira vez realizou uma campanha para ajudar a selecionar um motorista para participar de um filme. Acreditamos que de alguma forma ajudamos a proporcionar aos carreteiros momentos inesquecíveis”, afirma. Para Breno Silveira, ter tido a oportunidade de contar com a participação de alguns motoristas da vida real como figurantes, em especial do Marcos, contribuiu para dar mais veracidade à história.