Por Magno Pereira Coelho
Com fluxo diário de aproximadamente 250 mil veículos por dia e cerca de 700 caminhões por hora, a avenida dos Bandeirantes é uma das vias mais congestionadas e lentas da capital paulista, pois é a passagem para os veículos de carga que vêm do interior de São Paulo e de outros Estados com destino à Baixada Santista, especialmente ao Porto de Santos e vice-versa, pelas rodovias Anchieta ou dos Imigrantes. É também o caminho dos caminhões que chegam do Sul pela rodovia Régis Bittencourt com destino à via Dutra, mas que para evitarem as travadas marginais dos Rios Pinheiros e Tietê seguem por ela, embora hoje em dia esta rota já não seja tão vantajosa como no passado. Com isso, a avenida encravada dentro da cidade transformou-se num ponto de lentidão onde motoristas de automóveis de passeio e de caminhões perdem muito tempo para cruzar um pequeno trecho de aproximadamente cinco quilômetros de extensão.
A situação chegou a ponto de a Prefeitura de São Paulo firmar um convênio com o governo do Estado para reformar a avenida com a construção de uma faixa exclusiva para caminhões, passagens subterrâneas, retirada de três semáforos, substituição da rede elétrica aérea por subterrânea e outras modificações para dar maior fluxo ao tráfego local.
Inserido no Programa de Desenvolvimento Estratégico Metropolitano de São Paulo, o projeto – estimado em R$ 3,5 bilhões – prevê também obras na marginal Tietê e o prolongamento da avenida Jacu-pêssego, além de ampliar a extensão da avenida Roberto Marinho (antiga Água Espraiada) até a rodovia dos Imigrantes.
Carreteiros como o paulista Marcos Diogo, 49 anos de idade e 20 de profissão – que faz entregas em cidades do Interior do Estado de São Paulo e em Santos/SP – têm opinião de que o problema maior é a quantidade de carros que são colocados nas ruas todos os meses. Ele reconhece que os caminhões atrapalham o trânsito, mas não têm culpa se não existem vias de acesso.
Outros acreditam que não há necessidade de fazer faixas exclusivas para caminhões na avenida dos Bandeirantes, pois quando o Rodoanel estiver concluído vai absorver os caminhões que hoje passam pela capital paulista. É o caso de Elvis Gomes, para quem o ideal é investir em metrô, ampliar os corredores de ônibus e retirar parte dos carros das ruas. Na Espanha, por exemplo, diz o carreteiro, existem cerca de 3 milhões de habitantes e 260 quilômetros de metrô, enquanto na cidade de São Paulo tem muito mais gente – quase 20 milhões – e apenas 60 quilômetros de metrô.
O baiano Wilson Brito de Oliveira, 50 anos de idade e 29 de estrada, comenta que os piores dias de tráfego na avenida dos Bandeirantes são às segundas e sextas-feiras, principalmente em horários de pico compreendidos pela manhã e final de tarde. Oliveira também cita o Rodoanel como solução para o trânsito da cidade de São Paulo, mas é otimista em relação à reforma da Bandeirantes e acredita que haverá maior agilidade do tráfego local.
Pelo projeto, após a reforma a avenida terá canteiros centrais arborizados, áreas permeáveis por meio da remoção de pavimento em vias sem utilização, áreas verdes existentes ampliadas, plantio de espécies arbóreas, além da instalação de passagens subterrâneas, retirada de três semáforos, substituição da rede elétrica por subterrânea, instalação de Sistema Inteligente de Tráfego e construção de duas passarelas de pedestres. Com tudo isso, o resultado almejado é o aumento da velocidade de 20 para 35 km/hora, redução dos congestionamentos de 15 km para 7 km e redução das ocorrências de trânsito de 1.500 para 300 ao ano, além da revitalização de vegetação e requalificação urbana do entorno.
O motorista Ivanoel Alves Rodrigues, de Santa Cruz das Palmeiras/SP, 40 anos de idade e 6 de profissão, acredita que a obra na avenida dos Bandeirantes vai atrapalhar o fluxo de veículos e também concorda que o Rodoanel é a solução para amenizar o tráfego na região. Seu colega, Claudemir da Silveira, de Alto Alegre/SP, 41 anos e 12 estrada, tem a mesma opinião, mas destacou que o empreendimento vai gerar despesas desnecessárias aos governos estadual e municipal.
O projeto está inserido no Programa de Desenvolvimento Estratégico Metropolitano de São Paulo, firmado por órgãos das esferas municipal e estadual, dentre eles a SEPLAN (Secretaria de Estado do Planejamento e Desenvolvimento) e a DERSA (Desenvolvimento Rodoviário S.A.) e totaliza até o fechamento dessa reportagem 102 reuniões de trabalho. O programa também vai remodelar a Marginal Tietê, prolongar o Complexo Jacu-Pêssego e ligar a avenida Roberto Marinho à rodovia dos Imigrantes. Todas as obras estão estimadas em R$ 3,5 bilhões. O objetivo é ordenar o tráfego de passagem, além de hierarquizar e estruturar o transporte de passageiros e de cargas na Região Metropolitana de São Paulo.
De acordo com o engenheiro e gerente da Divisão de Obras da Dersa, Pedro da Silva, no programa de obras conveniadas com a prefeitura de São Paulo e de Mauá, no caso da Jacu-Pêssego, já está em execução um trecho de 2,1 km entre a avenida Assis Ribeiro até a conexão com a rodovia Ayrton Senna. As outras obras do lado Sul dessa avenida até Mauá e em direção ao Rodoanel, que também fazem parte desse programa, deverão ser iniciadas em novembro ou até janeiro de 2009 e serão concluídas até 2010. “Além disso, no caso da readequação da avenida dos Bandeirantes, que é a colocação de mais uma faixa e a destinação dos caminhões para a pista da esquerda aliviando o tráfego de veículos, a previsão é iniciar ainda em outubro de 2008”.
Pontes e avenidas No caso da Nova Marginal Tietê, assim denominada no programa, que compreende 15,2 m de extensão entre a rodovia dos Bandeirantes e a Ponte do Tatuapé e envolve a construção de pontes e viadutos, o prolongamento de pontes existentes, alargamento da pista local de três para quatro faixas, implantação de pista auxiliar com três faixas, adaptação de drenagem superficial, implantação de sistema de monitoramento eletrônico e nova sinalização de orientação. Segundo o engenheiro Pedro da Silva, o início das obras está previsto entre dezembro deste ano e janeiro de 2009. Em relação à continuação da avenida Jornalista Roberto Marinho até a rodovia dos Imigrantes, as intenções são maior facilidade de acesso ao litoral, alivio de tráfego na avenida dos Bandeirantes, valorização da região dos bairros Campo Belo e Jabaquara, aumentar os investimentos imobiliários, expandir a atividade comercial e de prestação de serviços, e resolver o problema fundiário na área do córrego da Água Espraiada. “A avenida Roberto Marinho é um programa que saiu pouco depois e vai ligar com a rodovia Imigrantes, contudo, até o momento, a prefeitura já licitou o trecho que vai até a avenida Pedro Bueno”, conclui o engenheiro. (MPC) |